Ontem, quinta feira, fui pela primeira vez ao festival da citronela aka Vilar de Mouros.
Foi necessário chegar ao meu segundo meio século de vida para rumar a Vilar de Mouros.
Fui lá e, pela primeira vez, percebi que estou velho.
Velho por nunca ter ouvido falar das primeiras bandas.
Velho por não perceber o motivo das primeiras bandas, menos conhecidas, que no século passado serviam para fazer o “aquecimento” da assistência e aproveitavam essa oportunidade para dar tudo… darem apenas o que podemos ter num qualquer streaming em que já estamos a saltar para a música seguinte pela monotonia.
Velho por lá ter ido ver Placebo e ter ficado com aquela sensação de “antigamente é que era bom”. Se calhar esqueceram a citronela e foram massivamente atacados pelos mosquitos e não estavam com disposição para festivais.
Velho por ter ficado espantado pela última banda, Suede, ainda se dar ao trabalho de andar por festivais. Devem ser as consequências da inflação.
Velho por ter curtido ao som de músicas que já não me lembrava da última vez de as ter ouvido de passagem numa dessas rádios de músicas do antigamente para gente que cristalizou no antigamente.
Velho por ter cheirado tanto mofo de t-shirt ‘s de bandas do século passado.
É estranho quando a única banda que soube o que é um festival, ter suado a camisola, ter posto a assistência a saltar e cantar, e ter salvo aquela noite, ser uma banda composta por pessoas que já devem ser avós, idade para isso tem certamente.
É estranho ver os velhinhos do século passado arregaçar as mangas e terem feito valer o sacrifício de cheirar tanta citronela, ter comido tanto pó, pagar uma fortuna pela cerveja que se bebia para esquecer o pó na garganta e estar ali desiludido com que se foi ver.
Que medo de me transformar em mais um cristalizado.
Sejam felizes