Seca

Hoje acordei e chovia, saí de casa para almoçar e a viagem foi à chuva, abrigado pelo carro. Almocei, nem sei se chovia, voltamos a casa com chuva e ainda chove.

Abençoada chuva.

Ainda só chove faz uns dias, tem de continuar a chover durante o outono todo, inverno e primavera para a situação voltar ao normal. Recuperar os lençóis freáticos e os rios voltarem a ter água enchendo as muitas barragens.

O que me fez vir aqui escrever isto foi ter lembrado durante a viagem para o restaurante, uma entrevista a um investidor alentejano, digo alentejano, mas o homem do Alentejo só deve saber onde está a propriedade. Um daqueles que dá a cara por investimentos feitos por fundos de investimento que o único objetivo é o lucro. Desde que exista lucro, não interessa se as suas culturas estão a contribuir para a desertificação do Alentejo. Tudo vale em nome do lucro.

O cidadão, nem digo homem, dizia que os rios do norte do país deveriam ser desviados para o sul, porque a sua água vai para o mar e não serve de nada, mais valia ser desviada para regar a sua plantação, nem sei do quê. É isto que fazem os espanhóis e já sabemos o que se passa com o Tejo, agora querem a água do Douro.

Depois de me ter indignado, já tinha ficado indignado da primeira vez, pensei o seguinte:

Será que este cidadão quer chuva durante uns 6 meses seguidos, mais a geada, o frio húmido que entra pela roupa e parece que nada nos aquece, a casa com água a escorrer pelas paredes, vidros embaciados de casas e carros, roupa que se estende e não seca… durante semanas.

Será que este cidadão quer isto todos os anos ou só quer a água dos rios?

Pois bem. Como acho que só quer a água dos rios eu digo: vá beber água do mar! Que já está temperada.

Abençoada chuva.

Sejam felizes.

A casa dos puns e os caralhitos

Até parece que um bando de putos imberbes vandalisou a obra da nossa casa.

Enchendo as paredes de grafites de piços e caralhitos, uns erectos outros nem por isso, num acto de rebeldia contra tudo e contra todos. Principalmente contra os bens de alguém sem culpa.

Mas não!

São apenas as marcações para abrir buracos para passarem os fios elétricos e os tubos de água. Uma fase destrutiva que é necessário fazer.

Os putos imberbes de hoje preferem destilar ódios ou falarem de mundos utópicos por redes sociais que só eles conhecem, bem longe das redes dos likes que os velhos, nós, conhecemos.

Espero que esta fase da obra termine rápido para ver o telhado impermiabilizado e os acabamentos finais começarem.

Sejam felizes

Tijoleiras

Devem estar a pensar “outra vez as tijoleiras?!” Não. Não é isso e a encomenda está feita.

Estou aqui sentado num tijolo onde um dia será um sofá da sala da nossa casa. Sentado à espera do eletricista para marcar as tomadas e interruptores da luz.

Esta espera me deixou a pensar na aventura de encontrar as tijoleiras certas e nos vários sítios onde fomos terem todos um ponto em comum. O pó!

Em alguns o pó acumulado nas tijoleiras era tanto que me senti que nem um arqueólogo do canal história a soprar o pó de uma pedra para ver a gravura por baixo.

Tinha a mesma expressão de maravilhado e decepcionado com o que estava tapado pelo pó.

O pó tinha o seu lado de bom ao mostrar se a cor e textura da tijoleira ajuda a disfarçar o lixo. Mas era sempre tanto que limpar uma parte deixava sempre uma avenida e o resultado era inconclusivo.

Muitos outros casos o pó tinha o efeito de esconder a falta de qualidade e quando mais passava os dedos mais me arrependia de ter pegado na peça. Pelo peso e ter sujado os dedos e calças para nada.

O outro pormenor é a má iluminação dos espaços. Se tem sítios em que tem tanta luz que tenho de levar óculos de sol, tipo lojas de perfumes, nestes tinha de levar lanterna ou arrastar as peças para perto de uma janela para conseguir ver bem.

Trazer para a luz só revelava o meu mau trabalho a limpar pó.

Tinha pena do Mike. Sempre a cheirar os cantos, mais parecia um aspirador.

Agora que já escolhemos e encomendamos o que queremos, deixo aqui algumas dicas para quando forem ver tijoleiras:

  • Levem uma daquelas coisas maravilhosas de limpar o pó que se vê na TV. Conseguem verificar se são mesmo boas como dizem na TV e limpar a tijoleira sem se sujarem muito, o que será sempre tarefa impossível.
  • Não levem roupa domingueira. Passado uns minutos vão perceber porquê.
  • Levem muitos lenços. Vão ser precisos, acreditem. Limpar os dedos e assoar o nariz são dois exemplos.
  • Tenham uma lanterna à mão. A do telemóvel serve e tem a vantagem que podem fotografar as referências para mais tarde rever e lembrar.
  • Levem muita paciência, vão acabar por ver muita coisa que nem querem, mas já que ali estão vão vendo… só serve para perder tempo e acabarem a pensar em coisas que não vos levaram lá nem necessitam, só distraem e confundem.
  • Quando visitarem outros sítios para pedirem orçamento daquilo que já escolheram da primeira vez, não se deixem levar pelo vendedor para ver outras coisas. Vão acabar por voltar ao início e duvidar de tudo o que escolheram.
  • Quando alguém disser que em determinado sítio é mais barato, perguntem o que foi que comprou. Pode não valer a pena lá ir. O passeio a estes sítio nunca vale a pena, nem pelo passeio de carro. Pensem no preço da gasolina.
  • Se poderem delegar esta tarefa num decorador de interiores, não pensem duas vezes e resistam a tentação que diz: tu tens mais jeito para isto. Estar sentado num escritório dizendo gosto, não gosto, gosto mais da outra cor, etc. é sempre mais agradável.
  • Por último. Quando forem escolher a cozinha, não se deixem levar pela ideia de “aquela tijoleira que vimos ia ficar muito bem nesta cor”, só serve para começar tudo de novo. Quando fecharem um ponto não o voltem a abrir.

Acho que não me esqueci de nenhum ponto importante.

Sejam felizes

EN 310

Ontem estivemos a fazer a EN310.

Eu sei o que estão a pensar que me enganei. Que devo estar a falar da EN2, da EN222 ou estar a gozar por morar na EN310.

Acontece que saímos de casa e fomos quase até à outra ponta e não foi para ir à Peneda do Gerês. Foi para fazer uma das coisas que mais temos feito nas férias deste ano. Encontrar a tijoleira certa para a casa a um preço aceitável.

Já não digo barata por a palavra barato ter deixado de existir. Uma pessoa diz “tem isto barato” e ninguém entende. Deixou de existir no nosso vocabulário. Só pode…

Parece que por lá, também, já eliminaram a palavra barato do dicionário.

Fomos atrás de uma pista que nos deram que ali para os lados de Póvoa de Lanhoso tinham conseguido comprar mais barato. Devia ter logo desconfiado. Mas como bom tuga lá fui a pensar na crença de que santos da casa não fazem milagres, logo os santos de lá iam fazer um milagre. Agora nem os santos de fora fazem este milagre.

Voltamos por um sítio já várias vezes visitado com o mesmo objetivo de conseguir encontrar uma tijoleira barata e acabamos por nos convencer que não vale a pena comer mais pó a ver tijoleiras. Já nem o Mike aguenta.

Hoje decidimos fazer um intervalo e fomos comprar coisas que já sabemos serem boas. Fomos a Torre de Moncorvo comprar azeite e vinho. Azeite do pai do amigo Fernandes e vinho da adega. Aproveitamos para almoçar na companhia do Fernandes e passamos a tarde quase toda a falar de tristezas e casas. Isto de fazer casa não é coisa fácil, todos os dias é um desafio novo.

Pelo menos a tarefa de escolher e comprar a tijoleira está terminada, 5ª feira vamos fazer a compra para deixar de ouvir “não acredito que isto continue a aumentar” sendo mais caro a cada vez que lá vamos.

Sejam felizes