Inverno

Estou aqui sentado numa esplanada a beber um fino e o Mike à espera que apareça uma fatia de fiambre pela porta.

Estamos os dois tristes, com um denominador comum. A chuva.

A chuva que me obrigou a vestir o impermeável vermelho no Mike. Que ele detesta, não sei se pela cor.

A chuva que não nos deixa passear pelos montes neste período de compensação.

A chuva que me obriga a ter o Mike preso pela trela ao pé de mim para não se molhar mais do que o que está. Estamos.

Ou apenas está triste por nunca mais aparecer, como por magia, o Tigas com uma fatia de fiambre pela porta. É injusto eu estar a beber um fino e ele nada.

Na verdade, estamos todos tristes aqui no Minho com este outono que não quer terminar e dar vez ao inverno. Este outono que se acha uma monção e não nos deixa de dar chuva. Boa. É verdade.

Nem tivemos direito a uma geada para cozer as verduras da consoada. Uma tristeza.

E o Mike continua esperando o fiambre. Nunca perde a fé.

Sempre com aquela expressão de quem não come faz uns 15 dias.

Eu espero que amanhã não acorde com chuva, vá ver a obra com chuva, vá comer com chuva, fique em casa a fazer horas com chuva e venha aqui sempre acompanhado pela chuva. Começo a ficar farto de andar encharcado.

Vem inverno!

Trás o frio, e a geada.

Um pouco de tempo seco para alegrar um pouco os agricultores, como o meu pai, que não conseguem plantar nada nos campos alagados de água e o pouco que plantaram é devorado pelos caracóis que agiram este tempo e engordam com as nossas coibes. Um dia destes nem caldo verde conseguimos fazer por só sobrarem os troços.

Estou farto.

Vou pedir outro fino para esquecer e por me estar a saber bem.

Sejam felizes .

Cães de loiça

Este sábado fui, fomos, a Figueira da Foz a um almoço de Natal da equipa do IDF Portugal. Desta vez foi surpreendido com uma entrega de prémios ao estilo de Hollywood, a entrega dos Dundies. Magnificamente apresentada.

Obrigado!

Entre os Dundies que recebi está o GOOD BOY/GIRL que deixou a Maria “toda contente”.

Tão contente que foi buscar todas as fotos em que estamos (o Mike, a Maria e eu) para fazer publicidade, a dizer que já sou merecedor do prémio do próximo ano.

Entre as fotos que encontrou, está uma que me fez lembrar uma moda de quando era criança. Dos cães de loiça, com a cabeça a abanar, que quase todos os carros tinham na chapeleira. Quem é suficientemente velho para se lembrar disto?

Não sei se a moda irá voltar, como a de ter cortininhas, de cozinha, no carro, esconder o rolo de papel higiénico dentro de um cilindro de croché, que não lembro se tem nome, e tantas outras que até tenho vergonha de lembrar. Um dia destes tenho de fazer uma lista.

Ter umas coisas de pelo a revestir os tampos das sanitas…

Voltando aos cães de loiça, que me estou a perder em recordações medonhas que ainda me vão tirar o sono. Porquê os cães de loiça?

Os cães de loiça por termos um cão que, às vezes, acha que é um desses cães de loiça que vivia nas chapeleira dos carros dos portugueses.

Ora vejam se não é o verdadeiro cão de loiça.

Não liguem aos dois cromos da frente que se estão a divertir e a pensar: um dia destes vamos ter de chamar os bombeiros para o desencarcerar.

Sejam felizes

Ponte

Esta sexta feira fiz ponte e fui dar um passeio com o Mike. A Maria trabalhou.

Aproveitei para visitar um sítio excelente que onde adoro ir em Santo Tirso, as quedas de água da Fervença e todo o espaço envolvente desde o Monte Padrão a Balinhas.

Às vezes vamos tão longe e temos estes sítios tão perto e tão belos.

Os dias de outono nesta altura do ano são compensados pelo ambiente que a umidade dá.

O verde e as cores de outono.

Sejam felizes.